domingo, 20 de abril de 2008

Breve História do Grupo Folclórico de Esgueira

Da Historia da nossa Freguesia, conhecemos vários aspectos que nos são narrados até hoje, mas da história das suas gentes e dos seus costumes muito pouco sabemos e quando falamos do folclore o caso piora.

A sua história é mais ou menos recente, e datam dos inícios do século XX. Em 1908 nasce o então denominado Rancho da Pôpa, com poucos anos de vida e do qual quase nada se sabe e não temos mais que a lembrança de uma velha fotografia que nos mostra os rostos desconhecidos de crianças, mulheres e homens vestidos com trajes de outros tempos. Após a sua curta existência e posterior desaparecimento deixa saudades e lembranças em alguns cidadãos que em 1914 formam um grupo conhecido como Rancho do Chapéu de curta existência.

A meados do século XX, um grupo de "Carolas" juntaram-se e formaram um grupo que participou nas marchas populares, com duas coreografias, letras e musicas originais: "Esgueira dos Salgueirais" e "Aveiro a Cantar", arrecadando com esta participação o 2º lugar. Foi depois que surgiu a ideia, começaram a recolha do repertório de danças e cantares, então deu-se a transformação e em 1952 nasce o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Esgueira. Deste grupo ficaram alguns trajes, as musicas, algumas coreografias e um pequeno espolio que com grande esforço foi preservado das adversidades do tempo.


35 Anos após a extinção do Rancho Folclórico de Casa do Povo de Esgueira, um pequeno grupo de Esgueirenses empenhados: Rosa de Oliveira Soares, Ema Alves Pereira, Margarida Dias da Maia, Maria da Luz Nolasco, David Vilaverde Carneiro, Professor Celso Santos, José Nunes dos Santos Júnior, Fernando dos Santos Silva, Hernâni Marques de Oliveira e Manuel Emídio Marques, e ainda algumas pessoas que tinham feito parte do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Esgueira, fizeram acordar o "bichinho" do folclore, adormecido por tanto tempo e que ansiava ser despertado, nasce então no ano de 1998 o Grupo Folclórico de Esgueira, fazendo a sua primeira aparição pública no dia Domingo, 14 de Junho de 1998 no largo dos Aidos.


Mostram-se pela primeira vez neste ano, envergando os trajes herdados dos seus antepassados mais directos o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Esgueira, trajes de "Ver a Deus" assim foram chamados. As mulheres com os seus lenços e corpetes em varias cores, saias pretas com um trabalhado aos favos desde a cintura até ao começar da anca, uma blusa branca com renda na gola e nos punhos e alguns pormenores bordados a mão, meias brancas arrendadas e chinelas pretas, e ainda os pormenores da roupa interior saiote e colotes acabados em bordado inglês. Os homens com calça, colete, sapatos e chapéu pretos, camisa branca com pormenores bordados a mão nos ombros e na cintura uma faixa encarnada.


Passaram já alguns anos, e até já estamos em outro século, andamos de norte a sul por este Portugal tão pequeno e tão grande ao mesmo tempo. Levamos Esgueira connosco, fizemos que ouvissem as nossas músicas, vibrassem com as nossas danças, admirassem os nossos trajes e vissem na nossa bandeira as imagens bordadas do Pelourinho e da Nau -Carraca-.

Muitas coisas mudaram, pois o tempo não para, connosco alguns ganharam mais cabelos brancos, outros ganharam-nos e ainda outros deixaram a adolescência e são hoje homens e mulheres jovens que reafirmam dia após dia o seu gosto pelo Folclore. Todos eles lutam pela continuidade do Grupo e tratam de transmitir aos jovens de hoje as tradições de ontem, procurando acordar-lhes o “bichinho” de que falamos: o gosto pelo folclore, por nossa cultura, pela dança, aquele bater do pé ao compasso da música, o nervoso miudinho e a alegria de cada saída, a emoção sentida no aplauso do público, o querer sempre mais porque tocar e dançar mais uma música nunca é de mais e sempre sabe a pouco e até os momentos dos ensaios donde tudo se aprende e tudo se ensina.


O Folclore em Esgueira teve com certeza grandes alegrias e tristezas também, mas o momento presente aquele que nos toca viver, esta cheio de esperança e vontade de fazer sempre mais, e mostrar que estamos aqui, que saibam que o Grupo Folclórico de Esgueira segue vivo, e que todos e cada um no seu papel, seja músico, dançarino, membro da Direcção, do Conselho Fiscal, da Assembleia Geral e claro esta a nossa Junta de Freguesia que sempre nos tem apoiado, lutamos todos juntos para não deixar morrer as nossas raízes.